Às vezes encravamo-nos ao tentar ajudar.
Às vezes mutilamo-nos ao tentar ajudarmo-nos.
Às vezes corre tudo mal, quando fazes tudo para o melhor.
Às vezes…
Às vezes atiramos pedras e elas fazem ricochete. E acertam-nos em cheio.
Às vezes esfaqueamos costas e nem reparamos que nos olhamos a espelhos.
Às vezes, descobrirmo-nos é matarmo-nos. Saber quem somos é desconhecermo-nos. Sentir algo é estar moribundo e inerte e sem força e cansado e baralhado e assustado.
Às vezes assustamo-nos sem culpa. Às vezes assustamo-nos com culpa. Às vezes assustamo-nos por termos nascido assustados. Às vezes.
Às vezes a vida devia ser fácil, mas dificulta-se, dificultamos, dificultam-nos.
Às vezes a vida é vida e às vezes é morte, e às vezes nem real é.