A ironia de um tango é a excitação miudinha que te dá no ouvido, mas que não chega onde deve!
Toda esta boémia excentricidade surge quando, ao dedilhar de um robusto acordeão, se juntam os agudos miares felinos de um violino, numa luta sensual entre dois eternos amantes. Os corpos tocam-se e dançam entre fricções e vibrações, as notas musicais seduzem-se em timbres mais aveludados e mornos, mas nunca se chega a um termo, a um clímax, a um orgasmo de gosto e prazer.
Com um tango, apenas se ganha a culpa luxuriante de quem nada fez, mas desejou.